História

Lycia nasceu em Muniz Freire (ES) e pouco depois sua família mudou-se para Vitória (ES).
Ainda criança, começou os estudos de piano aos 7 anos.
Na adolescência, possivelmente em razão de dificuldades de concentração (déficit de atenção), ela deixou de frequentar a escola regular, adotando aulas domiciliares para matérias acadêmicas e para música.
Por volta dos 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro para aprofundar seus estudos musicais. Lá, estudou harmonia e composição com o maestro Giovanni Giannetti, que teve papel central na orientação de suas primeiras composições e estreias.
Uma de suas primeiras composições registradas foi “Ave Maria” (1927), para soprano e piano/órgão, apresentada na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, RJ.
Nos anos 1930, ela protagonizou concertos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com execução de obras como Chanaan (1932), sob regência de Giannetti e posteriormente regida por ela mesma.
Em 1933 e 1934 ela foi uma das primeiras mulheres a reger uma orquestra no Brasil, dirigindo a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em sua vida pessoal, casou-se com João Baptista Bidart em 1933 e teve filhas (Cecília em 1935, e Lúcia em 1937)
Após um período mais intenso de atividades musicais nos anos 1930 e 1940, ela reduziu sua visibilidade pública, concentrando-se mais em compor e na vida familiar.
Na década de 1970, teve obras inscritas e reconhecidas, como sua Sonata Fantasia nº 1: Sonata ao mar, que obteve menção honrosa no concurso internacional Viotti, em Vercelli, Itália.
Nos últimos anos de vida, enfrentou perda auditiva progressiva, agravada por uma meningite nos anos 1980. Mesmo assim, continuou compondo até perto do fim da vida.
Em 1989, doou seu acervo de mais de 400 partituras manuscritas à Biblioteca da Escola de Comunicações e Artes da USP, onde muitos desses documentos estão preservados e em processo de digitalização.
Curiosidades
Ela foi uma das primeiras mulheres regentes no Brasil, assumindo direção da Orquestra do Theatro Municipal do RJ ainda nos anos 1930.
Seu poema sinfônico Chanaan (1932) foi inspirado no romance Canaã de Graça Aranha, que se passa no Espírito Santo — ou seja, ela dialogava artisticamente com sua terra natal.
Seu pai, em alguns concertos em Vitória, chegou a alugar teatros e orquestras para que suas obras fossem ouvidas localmente.
Ela manifestou interesse e prática de transcriação artística: algumas obras suas incorporam poesia, ilustração e música – aproximando-se de uma estética interartes.
Mesmo com sua condição de saúde adversa nos últimos anos (audição prejudicada), ela manteve a produção criativa até quase o fim da vida.